sábado, fevereiro 19, 2011




Passou e voltou.
Vivo pela segunda vez o mesmo pesadelo e nem por isso a dor é menor. Ainda há lágrimas para chorar. Elas parecem não ter secado. Mas, agora, tento ser indiferente. Finjo não me importar. Faço de conta que já nada me atinge. Mas não passa de uma fachada. Magoa tanto... como da primeira vez em que tudo aconteceu.
É imprecionante como, de repente, aquilo que tomamos como certo nos escapa das mãos.

As voltas que a vida dá deixam tudo baralhado, uma confusão.
Desta vez, ficou mesmo tudo destruído.

sexta-feira, fevereiro 11, 2011

Eu já chorei o suficiente para fazer um rio. O meu coração já ficou tão apertado quanto uma pessoa em hora de ponta num dia de greve dos transportes. Já foi difícil respirar com tanta ansiedade. Dormir era complicado com tanta coisa que me enchia a cabeça. Por outro lado, a cama parecia ser o lugar de melhor refúgio e de onde não queria sair. Parecia impossível viver de outra forma. Parecia impossível viver sem ser daquela forma a que sempre estive habituada.
Mas tudo melhorou. O tempo acabou por mostrar o caminho certo.
Tudo voltou ao que era e ficou bem.
Ou não...

segunda-feira, fevereiro 07, 2011

O tempo vai passando. A vida vai tomando o seu rumo.
Com as mudanças que vão surgindo, pessoas vão entrando e saindo da nossa vida. Há quem deixe saudade, muita saudade. A vida tem destas coisas.
Não importa o tempo que as pessoas passam connosco mas a qualidade desse tempo. A forma como nos marcam, como são importantes para nós é que vai definir o tempo real que permanecerão connosco (quer seja ao nosso lado ou, simplesmente, no nosso coração).
Mais do que lembrar aqueles que fizeram parte de nós e que, de alguma forma marcaram o nosso percurso, há que dar valor àqueles que estão connosco no presente. Àqueles que continuam a nosso lado e aos que vão surgindo na nossa vida.
Se calhar, não dizemos vezes suficientes aos que nos são queridos: "gosto de ti", mas nem sempre são precisas palavras. Basta um gesto. Basta um abraço, um beijo ou um carinho. Basta um sorriso.
Obrigada àqueles que fazem parte da minha vida (e também aos que fizeram). Pela felicidade que me fazem sentir sempre que estão comigo e por todos os momentos únicos e inesquecíveis que me dão.
Isto é o "gosto de ti" que nem sempre digo.

sábado, fevereiro 05, 2011

"As mulheres aprendem a observar nos outros aquilo a que mais tarde chamam intuição. É uma qualidade quase exclusiva do foro feminino e é por isso que os homens que também a possuem chegam mais longe. A essa capacidade de antecipar a realidade, de ler no olhar uma subtileza, de interpretar a vontade e o medo nas batidas de um coração, os homens chamam-lhe instinto, as mulheres, intuição.
É a intuição que diz a uma mulher que está a gerar uma criança mesmo antes de fazer o teste da gravidez, que indica os caminhos do coração quando a dúvida se instala, que lhe diz quando deve lutar por um homem ou desistir dele. É uma espécie de mapa interior, de guia invisível, de alarme adiantado à inevitabilidade da vida. A estes sinais, dados pelo acaso, por um centésimo de segundo de silêncio ou na troca furtiva de um olhar, é preciso interpretar o que sente e a partir daí perceber o que pode acontecer.
Nunca acreditei em bruxas nem adivinhos, prefiro lê-los nas histórias do que vê-los ao vivo a deitar cartas ou a atirar búzios ao ar, até porque acredito que o futuro é bom exactamente pelo desconhecido que guarda, mas já acertei demasiadas vezes nas previsões que fiz para poder desconsiderar a minha intuição.
O lado mau da involuntária omnisciência é conseguir cada vez menos que a vida me surpreenda, o que faz com que assista, quase de braços cruzados, a mudanças que não quero e nem sempre consigo aceitar. O lado bom é a antecipação de uma nova realidade e o tempo de preparação para enfrentar a tempestade que se avizinha, como fazem os habitantes das cidades por onde passam os furacões, trancando com tábuas a casa e o coração e esperando que passe depressa e provocando os mínimos danos possíveis.
Vejo a intuição como um atributo da alma, um dom guardado entre o coração e a cabeça, para lá da inteligência e da razão. Uma espécie de voz acima da realidade, como um balão a gás quente que consegue ver mais longe do que o olhar alcança, um código de barras que se descodifica a ele próprio, um telescópio da anatomia dos sentimentos, porque tem muito mais a ver com o que se sente do que com o que se pensa, com o que se imagina do que com o que se vê, com o que se teme do que com o que se deseja, sentindo como certo aquilo que o entendimento ainda não captou.
E é por isso que, quando o alarme começa a tocar, primeiro baixinho em tom de aviso, e depois, cada vez mais alto até me ensurdecer com a evidência que se aproxima, respiro fundo para ganhar forças e lembro-me que o futuro não é mais do que a projecção das sombras do meu passado, um lugar cómodo para arrumar os
sonhos, no qual a imprevisibilidade e o mistério reinam e onde, talvez e apenas aí, a intuição descanse da sua sabedoria. Prefiro ter o dom da intuição a esperar placidamente pelo desconhecido, mesmo quando o desconhecido me traz todos os sonhos numa bandeja."
Margarida R. P.

quinta-feira, fevereiro 03, 2011

Há uma história infantil que conta que um "lobo mau" diz para uns "porquinhos" que vai soprar, soprar, soprar até a casa ir pelos ares. Mas isso é história. O que é certo é que na vida real há situações muito semelhantes. (Vai-se a ver e aquela história era uma metáfora).

Na vida real, pelo menos na minha realidade, é mais assim: eu vou sonhar, sonhar, sonhar e quando acordar esses sonhos vão pelo ar.

A verdade é que quanto mais se sobe maior é a queda. No meu caso em particular, quanto mais sonho maior é a desilusão. Talvez porque nos sonhos, é tudo feito à minha medida, ao meu gosto, tudo é bonito e perfeito (caso contrário seriam pesadelos). O facto é que na vida real nem sempre é bem assim. E eu não quero continuar a desiludir-me. Se calhar o melhor é mesmo acordar para a realidade da vida e aprender aceitar que as coisas são como são. E, se calhar, nem são assim tão más...